A cetogênica é um tipo de dieta lowcarb caracterizada pelo baixo consumo de carboidratos, alto teor de gordura e moderado consumo de proteína. Nela o nível de restrição de carboidratos realmente é bem grande – esse nutriente é mantido em torno de 30 a 50g/dia.

Esse tipo de dieta pode ser aplicado com diferentes objetivos: emagrecimento, tratamento de resistência à insulina (vulgarmente conhecido como “pré-diabetes”), melhora do controle glicêmico no diabetes, hipertrigliceridemia e em situações específicas como na diminuição de crises epiléticas.

Como o próprio nome diz, o objetivo desse estilo de alimentação é fazer com que o seu corpo entre em cetose.

A cetose é caracterizada por um nível de corpos cetônicos acima de 0,5mmol/L no sangue – citei essa observação mais técnica porque simplesmente não dá para saber ao certo se você está ou não em cetose sem dosar os corpos cetônicos no sangue ou urina com as ferramentas específicas.

Para dosar no sangue existem os aparelhos tipo glicosímetros, e para dosar na urina existem as fitinhas que mudam de cor (é só procurar mais detalhes na internet, se você tiver interesse em comprar).

Os corpos cetônicos são produtos da quebra da gordura, e são utilizados como fonte de energia por diversos tecidos (inclusive pelo cérebro).

Na cetose induzida pela dieta os corpos cetônicos ficam em concentrações totalmente amigáveis, sem trazer qualquer prejuízo ao organismo.

O que significa estar em cetose?

Por isso, estar em cetose significa dizer que o seu corpo está utilizando principalmente a gordura (estocada e/ou vinda da dieta), e não os carboidratos, como fonte de energia. Esse cenário se instala devido a baixíssima ingestão de carboidratos e à depleção dos estoques de glicogênio (que é a nossa reserva de carbo no fígado e músculos) em nosso corpo.

Considerando que para emagrecer devemos utilizar os nossos estoques de gordura como fonte de energia, é preciso ficar atento à quantidade de gordura ingerida a partir da dieta – exageros no consumo de castanhas, manteiga, pastas de amendoim/nuts, queijos, nata, abacate, coco, etc podem levar o corpo a utilizar esse nutriente que está entrando (e não os que estão armazenados em suas células) como fonte energética. Nesse caso, independente de quão baixo esteja a ingestão de carboidratos, certamente não haverá perda de peso.

A dieta cetogênica pode trazer muitos benefícios (emagrecimento, redução da sensação de fome, melhora do controle glicêmico…), porém, por ser muito restrita na variedade e quantidade de alimentos fonte de carboidratos que podem ser utilizados (frutas, raízes, tubérculos, leguminosas e cereais), na maioria dos casos (principalmente se utilizada apenas com o objetivo de emagrecimento) será uma dieta aplicada por um período de tempo determinado, e não para ser seguida por toda a vida.

“A dieta cetogênica pode trazer muitos benefícios mas na maioria dos casos será aplicada por um período determinado”

O que comer na dieta cetogênica?

A depender da maneira que seja feita, a dieta cetogênica pode sim ser saudável. Para isso, basta que na maior parte do tempo se utilizem alimentos naturais (verduras/hortaliças, cogumelos, abacate, coco, frutas vermelhas, castanhas/amêndoas/nozes, azeite de oliva, manteiga, nata, banha de porco, ovos, iogurtes integrais sem açúcar, queijos e carnes em geral) e não produtos extremamente industrializados como salsicha, nuggets, presunto cozido, salame, etc.

O bacon pode ser utilizado com moderação (de preferência artesanal), mas não é interessante colocá-lo na rotina por se tratar de um produto defumado (no processo de defumação são formadas algumas substâncias potencialmente cancerígenas no alimento).

Outro ponto muito importante para que você se mantenha saudável durante o seguimento de uma cetogênica é a ingestão de vegetais.

Use e abuse de todas as verduras e legumes com baixo teor em carboidratos durante o processo (folhas em geral, abobrinha, couve-flor, brócolis, pepino, berinjela, etc).

Comer apenas ovos, carne e queijo em todas as refeições pode até fazer você emagrecer, mas certamente não lhe entregará todos os nutrientes que você precisa para uma alimentação plenamente saudável.

Lembre-se sempre daquela (talvez única) afirmação que é unanimidade na nutrição: vegetais fazem bem à saúde! Viver sem eles não deve ser uma opção.

Preciso necessariamente estar em cetose para emagrecer?

Não. Só o fato de reduzir a ingestão de carboidratos (não necessariamente a níveis tão baixos como em uma dieta cetogênica) já estimula o seu corpo a utilizar mais gordura como fonte de energia.

Existem até estudos que comparam a eficácia da dieta cetogênica vs dieta lowcarb (com um teor mais moderado em carboidratos) na perda de peso, e o resultado é que parece não haver diferença na potência dessas estratégias para o emagrecimento.

A grande questão é que, via de regra, estar em cetose leva a uma redução ainda maior da sensação de fome (comparado a uma alimentação com teor intermediário de carboidratos), por isso, acaba sendo mais fácil para quem pratica essa dieta atingir uma menor ingestão calórica ao fim do dia.

Como tudo nessa vida, sempre há prós e contras! Prefere abrir mão de maneira drástica das fontes de carboidratos para manter o apetite mais controlado ou prefere levar uma alimentação mais “suave” (mais feliz, eu diria) e muitas vezes ter que vigiar o autocontrole para não passar da conta?

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7 Comentários

  1. Guilherme

    Adoramos o tópico, Paula!

    É uma dúvida muito comum que vemos, e realmente simplesmente não dá para abandonar os vegetais, mesmo numa cetogênica.

    Continue com os ótimos posts e ótimo trabalho!

    Responder
  2. Rodrigo Oliveira

    Há, então é essa a diferença de uma dieta para outra?
    Muito bom, eu não sabia disso não, foi até importante isso para uma pesquisa. Muito obrigado!

    Responder
    • Nutri Paula Mello

      De nada!

      Responder
  3. Izabella

    Ola Nutri Linda! passando nesse blog maravilhoso, uma verdadeira biblioteca da saúde!! E falando de cetose, eu amei estar em cetose, combinada com jejum intermitente, me deu uma sensação de bem estar que foi bom demais…sei que nao deve ser “eterno”, porém eu me senti muito bem!
    obrigada pelas dicas.. beijos

    Responder
    • Nutri Paula Mello

      <3 <3 <3

      Responder
  4. Celia Arouca

    Conheci você hoje no programa VB. Achei interessante seu comentário sobre a necessidade de ômega 3 para auxiliar a pele dos idosos. Tenho 63 e minha pele está fininha. Não sou gorda. Tenho 1,69 e 59kg. Não gosto muito de peixe. Quando como, geralmente são fritos. Não tomo cápsulas de O3 por causa do cheiro de peixe. O que fazer?

    Responder
    • Nutri Paula Mello

      Oi! Muito obrigada. Pode utilizar óleo de linhaça ou óleo de algas marinhas. Obrigada!

      Responder

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